A afirmação é da médica Fúlvia Estefânia Padre e Fechine, consultora da Saúde do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos
Foto: Reprodução
“Campos avançou muito e está à frente do Brasil na prevenção de gravidez em adolescentes. Continuem caminhando assim”. A afirmação é da consultora do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Fúlvia Estefânia Padre e Fechine. Ela é médica e ministrou palestra virtual na programação da Semana Municipal de Prevenção à Gravidez infanto-juvenil, organizada pelo Programa Saúde na Escola (PSE), da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia. Aberta segunda-feira (27), a programação segue até quinta-feira (30), com um webinário sobre o tema no canal do YouTube do Programa de Aprendizagem Eficiente (PAE) -AQUI.
Fúlvia é especialista em Reprodução Humana; diretora da clínica da FERTVIDA (São Luis-MA); membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana; e foi presidente da Sociedade de Ginecologia Obstetrícia do Maranhão de 2012 a 2018. Ela lembrou que visitou Campos em fevereiro deste ano, com uma comitiva do Ministério da Mulher.
"Eu e mais três consultores, das áreas de saúde, educação e jurídica, passamos uma semana em Campos conhecendo a rede de apoio a adolescentes. O que vimos foi uma luz, um espelho, uma esperança, pois Campos já vem trabalhando esse tema de forma muito intensa e plena. Fizemos visita na Escola 29 de Maio, conversamos com adolescentes e seus familiares, reunião com a equipe pedagógica da escola, e vimos que Campos está, de fato, trazendo esse tema para dentro da escola. Visitamos vários outros projetos relacionados a esse assunto. Também tivemos com o prefeito que está dando a devida importância ao tema, a quem queria agradecer. Tivemos reunião também com os secretários de Educação e Saúde", lembrou.
Segundo ela, o município tem uma rede com suporte integral a crianças e adolescentes. "Visitamos, ainda, o Centro de Referência e Tratamento da Criança e do Adolescente (CRTCA), que conta com uma estrutura de fundamental importância com atendimento integral e multiprofissional para as adolescentes que engravidaram, oferecendo mecanismos e orientações para que não aconteça uma segunda gravidez não planejada. Apesar das UBSs poderem dar esse suporte, é primordial que haja um lugar específico para eles. O CRTCA, o PSE e o CRAS funcionam numa conexão muito satisfatória e perfeita", completou a médica.
"Campos entendeu que esse tema tem que ser abordado e investido. Está construindo uma política multifacetada com todas as áreas envolvidas e eixos possíveis para dar uma cobertura e suporte a essas crianças e adolescentes. Isso é essencial para nós, pois queremos buscar políticas públicas exitosas para construir o Plano Nacional para Prevenção do Risco Sexual Precoce e Gravidez de Crianças e Adolescentes, do Governo Federal", disse Fúlvia.
A afirmação, segundo a coordenadora do PSE, Cátia Mello, pode ser confirmada com base nos dados do Sistema de Nascidos Vivos, que indicam o percentual de redução de gravidez, apontando que houve 48,9% de redução de nascidos vivos de adolescentes na faixa etária de 12 a 15 anos, tomando como referência o ano de 2017 até o ano de 2020. "Em 2017, foram 241 nascidos vivos na faixa etária de 12 a 15 anos. Em 2018, 205. Em 2019, 170 nascidos vivos; e em 2020, 118".
Este ano, o prefeito Wladimir Garotinho sancionou a Lei nº 9.050, de 22 de abril de 2021, instituindo a Semana Municipal de Orientação e Prevenção da Gravidez na Adolescência e criando o Dia Municipal de Prevenção da Gravidez na Adolescência.
"Essa é uma Prefeitura séria e competente e isso mostra que temos que continuar lutando. Que possamos ter essa mesma alegria que estamos tendo com a atuação de Campos, com todos os municípios do Brasil. Dando prioridade ao tema, é possível sim baixar as taxas de gravidez na adolescência", opinou Fulvia.
Em 2020, segundo a especialista, registrou-se que a cada mil brasileiras entre 15 e 19 anos, 53 tornam-se mães (UNFPA). "Essa taxa ainda está alarmante, mas já foi pior, chegamos a ter cerca de 68 em 2017. É importante prevenir, porque existe alta prevalência e riscos perinatais em adolescentes; partos e complicações da gravidez são as principais causas de hospitalização e morte entre adolescentes de países em desenvolvimento; anemia, pré-eclâmpsia e hemorragia pós-parto podem ocorrer em maiores proporções do que na gravidez de uma mulher adulta. Além disso, o corpo de uma criança não tem anatomia adequada para suportar tudo o que uma gravidez pode trazer", alertou.
Reportagem: Kamilla Uhl
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