A Educação Escolar Quilombola está em fase de implantação em Campos. O primeiro passo já está sendo dado. A Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, em conjunto com a Universidade Federal Fluminense (UFF), está promovendo encontros de Formação Continuada em Serviço para educadores e gestores que atuam nas unidades escolares em áreas remanescentes de quilombos. O trabalho é desenvolvido com apoio da coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Infância e Juventude da UFF, Beatriz Corsino.
De acordo com os responsáveis pelas Políticas de Educação do Campo e Educação Escolar Quilombola, Marcelo Vianna e Diego Santos, os encontros de formação terminam em novembro. "E em dezembro acontecerá a culminância juntamente com as lideranças e comunidades escolares mobilizadas pelas respectivas unidades", disse Marcelo.
Marcelo atua no projeto pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (IPPUR/UFRJ). Já Diego, pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFil/UERJ).
"O objetivo é que profissionais da educação conheçam os princípios de organização curricular e a operacionalização da Política Nacional em regime de colaboração com Estados e Municípios. Essas políticas de educação diferenciada são frutos de reivindicações históricas de grupos invisibilizados e subalternizados", informou Marcelo.
De acordo com o articulador da política de Educação para a Diversidade e Educação Quilombola, Diego Santos, a ação se organiza a partir de princípios de ancestralidade, oralidades, memória, saberes e tecnologias tradicionais em seus modos de vida. Para tanto, não só o currículo e a merenda são diferenciados, ou seja, pautados na cultura e na vivência da comunidade.
No município, a região do Imbé é a que concentra o maior número de escolas com características quilombolas, contando com 5 unidades em atividade. As escolas municipais que fazem parte da política, ou seja, não restrita à dimensão geográfica, acompanhando os quilombolas em seus movimentos territoriais são: E.M. Fazenda Aleluia; E.M. Fazenda Chalita; E.M. Maria Antônia Pessanha Trindade, em Dores de Macabu; E.M. Maria Cordeiro Borges, em Rio Preto, Morangaba; E.M. Salvador Benzi, no quilombo de Cambucá; E.M. Conceição do Imbé; E.M; Conselheiro Josino; E.M. Manoel Corrêa Gonçalves, no quilombo do Sossego; E.M. Carlos Chagas, no Assentamento Zumbi dos Palmares; E.M. Etelvira Martins Medeiros, KM 13, Travessão de Campos e E.M. Guiomar Ramos Paes, em Santa Ana, Zumbi dos Palmares.
“O objetivo da Política é valorizar e potenciar as vivências e tradições das comunidades e fortalecer o modo próprio de produção e processos de trabalho no sentido de seu próprio etnodesenvolvimento. Queremos que os estudantes possam valorizar suas próprias histórias e culturas, que tenham orgulho de serem eles mesmos apesar do mundo fazer-lhes força contrária. Por isso, é importante que os profissionais que atuam na Política Educacional Diferenciada sejam, principalmente, pessoas da própria comunidade ou inteiramente envolvidas e posicionadas com ela”, explicou Diego.
Ele acrescentou ainda que algumas das mudanças em curso terão maiores efeitos nas unidades escolares no começo do próximo ano letivo de 2024, e afirmou que essas mudanças são contínuas. “As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica definem uma pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-racial e cultural de cada comunidade, formação específica de seu quadro docente, materiais didáticos e paradidáticos específicos”, destacou Diego.
A Seduct também vai disponibilizar alguns desses materiais no portal do Programa de Aprendizagem Eficiente (PAE). “Além disso, as Diretrizes destacam que se deve observar também os princípios constitucionais, a Base Nacional Curricular Comum e os princípios que orientam a Educação Básica Brasileira, a serem oferecidos nas escolas quilombolas e naquelas escolas que recebem alunos quilombolas fora de suas comunidades de origem”, finalizou o articulador.
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